Primeira-dama da Ucrânia critica resposta internacional à deportação de crianças ucranianas

Primeira-dama da Ucrânia critica resposta internacional à deportação de crianças ucranianas

A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, dirigiu uma crítica contundente à comunidade internacional pela sua resposta à deportação sistemática de crianças ucranianas para a Rússia durante o conflito que assola seu país. Em discurso proferido na nona edição das Conferências de Estoril, Zelenska enfatizou que organizações internacionais precisam assumir a responsabilidade e agir com medidas concretas para ajudar a restabelecer a paz na Ucrânia.

Durante o discurso de sete minutos, a primeira-dama classificou a deportação de cerca de 19 mil crianças ucranianas para a Rússia como “o episódio mais doloroso” da guerra. Zelenska expressou indignação ao afirmar que o mundo assistiu a esse ato, mas que sua resposta foi insuficiente e aquém das expectativas. “A retirada de 19 mil crianças para a Rússia é um ato testemunhado pelo mundo que, infelizmente, encontrou uma reação inadequada”, afirmou Zelenska, dirigindo-se a líderes e representantes globais presentes na conferência.

“Tempo de Repensar”: uma crítica à inação das organizações internacionais

Sob o lema “Tempo de Repensar”, tema das Conferências de Estoril, Zelenska usou sua fala para criticar o que considera uma reflexão prolongada e estéril por parte das organizações internacionais, um comportamento que, segundo ela, representa perigo. “O tempo que passamos em discussões deve se traduzir em resultados tangíveis”, advertiu. Para a primeira-dama ucraniana, é urgente que o mundo compreenda que nenhum crime é distante o suficiente para não nos preocupar, e que toda violência ameaça a humanidade compartilhada.

Zelenska afirmou que a guerra redefine a percepção de tempo, transformando minutos em decisões de vida ou morte, em contraste com o prolongamento de debates que, na prática, pouco têm gerado em ações concretas. “Enquanto nos engajamos nessas discussões hoje, devemos avaliar criticamente a eficácia das organizações internacionais e suas respostas, ou melhor, sua inação,” declarou, dirigindo-se a uma plateia que aplaudiu suas palavras tanto ao início quanto ao término da apresentação.

A realidade alterada da Ucrânia e os impactos no cotidiano

Ao relatar as mudanças nas realidades cotidianas de seu país, Zelenska pontuou como atividades comuns se tornaram desafiadoras com o decorrer do conflito. Ela deu como exemplo a facilidade anterior de pegar um táxi até o aeroporto e chegar a Portugal em poucas horas, algo que, para os ucranianos, agora parece impossível. “Em contraste, um míssil russo pode atingir uma casa pacífica em Kharkiv em apenas 30 segundos… Não se dispõe de mais de dois minutos para estancar o sangramento de uma pessoa ferida por um bombardeio,” ilustrou.

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A primeira-dama reforçou que a urgência da guerra transformou o conceito de tempo para os ucranianos. “Decisões críticas precisam ser tomadas em segundos, enquanto a agonia de suportar a guerra estende o tempo em um tormento sem fim,” declarou, transmitindo ao público o sofrimento de um país em constante estado de alerta e adaptação a novas ameaças.

Agradecimentos e reconhecimento à comunidade internacional

Zelenska aproveitou o momento para expressar gratidão ao presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, pela participação no primeiro cume global de paz, realizado recentemente na Suíça. A primeira-dama também agradeceu ao presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que esteve presente no evento de Estoril. Com seu discurso, Zelenska não apenas sublinhou as dificuldades enfrentadas pela Ucrânia, mas também buscou fortalecer os laços com nações que têm demonstrado apoio e solidariedade em meio à adversidade.

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A presença de Zelenska e seu discurso durante as Conferências de Estoril se destacaram como um dos momentos mais aguardados do evento, que termina nesta sexta-feira. Após sua fala, a primeira-dama foi ovacionada pelos presentes, incluindo representantes de diversas nações, acadêmicos e ativistas dos direitos humanos. Para muitos, suas palavras ecoam um apelo à ação imediata e a uma resposta mais robusta da comunidade internacional.

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