O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que qualquer acordo de paz com a Ucrânia deve basear-se na atual realidade do campo de batalha, onde as forças russas controlam aproximadamente 20% do território ucraniano. A declaração foi feita numa conferência de imprensa em Kazan, após a cimeira dos BRICS, na qual Putin sublinhou a disposição de Moscovo para negociar, desde que isso implique a manutenção dos territórios conquistados.
Putin afirmou que Moscovo está pronta para considerar negociações, mas que essas devem respeitar as “realidades locais”. “A bola está do lado deles [ucranianos]”, reiterou o presidente russo, sublinhando a recusa de Kiev em dialogar com Moscovo. Durante a cimeira, líderes de países como China, Índia e Brasil apelaram ao Kremlin para que inicie um processo de paz e alivie a violência no conflito, que já se prolonga há quase três anos.
Participação de Guterres na cimeira e mensagem dos BRICS
A presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao lado de Vladimir Putin na cimeira dos BRICS gerou reações controversas, sendo vista por analistas como uma oportunidade para abordar o conflito em busca de uma solução pacífica. A diplomacia ucraniana comemorou a ausência de referências à visão “neoimperialista” russa na declaração final da cimeira, que apenas mencionou a importância de um acordo pacífico com base nos princípios da Carta das Nações Unidas.
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O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia destacou que o parágrafo dedicado ao conflito ressalta o compromisso dos países com a diplomacia e a resolução pacífica das questões, algo que, para Kiev, representa uma importante mensagem internacional contra a agressão russa.
Putin afirmou que as forças russas continuam a fazer progressos significativos no terreno e destacou a atuação na frente de combate em Kursk, onde unidades ucranianas estariam bloqueadas e cercadas. “Algumas unidades do exército ucraniano, incluindo na região de Kursk, estão cercadas. São aproximadamente 2.000 militares”, disse o presidente russo, mencionando a ofensiva russa que, segundo ele, avança em todas as direções da linha de contacto.
A União Europeia (UE) expressou “profunda preocupação” com o envio de militares norte-coreanos para apoiar as forças russas na Ucrânia, uma decisão de Pyongyang que a UE considera uma “grave violação do direito internacional”. O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, afirmou que esta decisão afeta a segurança global e constitui uma violação flagrante das resoluções da ONU.
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Borrell advertiu que a cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte, incluindo a transferência de armamento, contradiz a pretensa disposição da Rússia para negociar um cessar-fogo, reforçando que Moscovo não parece interessada numa paz abrangente e duradoura. A UE, afirmou Borrell, irá coordenar uma resposta com seus parceiros internacionais.