Um autocarro da Carris foi alvo de apedrejamento na noite de ontem no bairro da Boavista, na freguesia de Benfica, resultando apenas em danos materiais. A informação foi confirmada por uma fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP), que reforçou a presença policial em Lisboa e na área metropolitana em resposta aos recentes tumultos.
De acordo com o subintendente Sérgio Soares, porta-voz da PSP, um grupo de pessoas lançou “pedras contra um autocarro que passava, causando alguns danos”, afirmou, próximo ao bairro da Boavista, situado no município de Lisboa, separado do bairro do Zambujal, em Amadora, pela CRIL (Circular Regional Interna de Lisboa, IC17).
Reforço policial nas áreas afetadas por atos de vandalismo
Embora o incidente não tenha causado feridos, a PSP reforçou a presença no bairro do Zambujal, onde atos de vandalismo têm ocorrido desde segunda-feira, em retaliação pela morte de um residente do bairro, em Cova da Moura, alvejado por um agente da PSP. A patrulha foi intensificada, não apenas no bairro do Zambujal, mas também nos bairros de Santa Filomena e Casal da Mira, onde foram registados focos de incêndio em contentores de lixo na quarta-feira.
Além disso, no centro de Lisboa, um dispositivo de segurança mais robusto foi mobilizado pelo Corpo de Intervenção, incluindo patrulhas nas zonas do Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Praça dos Restauradores e Rossio, devido à possibilidade de novas desordens.
Operações de contenção na Segunda Circular
Na estação de serviço da Repsol na Segunda Circular, no sentido Pina Manique, uma unidade forte da Divisão de Trânsito da PSP foi instalada, com apoio da 3ª Esquadra e de elementos de Investigação Criminal (Benfica). Testemunhas reportaram que um grupo de motociclistas tentou fugir do local, atravessando a calçada para a Rua Dr. João Couto. Três dos motociclistas foram detidos pela polícia, enquanto os restantes conseguiram escapar. Durante a ação, várias motos foram apreendidas.
O porta-voz da PSP explicou que o policiamento foi reforçado na Área Metropolitana de Lisboa (AML), abrangendo diversos municípios, incluindo Lisboa, Oeiras, Cascais, Odivelas, Sintra, Amadora e Loures, além da margem sul, em Almada, Barreiro, Seixal e Setúbal.
Incêndios em pontos de reciclagem e contentores de lixo
Segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), ocorreram incêndios em pontos de reciclagem e contentores de lixo em Odivelas, Sintra (União das Freguesias de Sintra e Algueirão-Mem Martins) e em Torres Vedras (São Pedro e Santiago, S. Maria e S. Miguel e Matacães). Pelo menos nove pontos de reciclagem e contentores de lixo foram incendiados nos municípios de Setúbal, Almada e Seixal, conforme reportado pelo Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Península de Setúbal.
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As autoridades confirmaram a ocorrência de contentores em chamas nas zonas de Laranjeiro, Almada, Amora e Seixal, além das áreas de São Sebastião, Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, no município de Setúbal. Este tipo de vandalismo tem sido frequente nos últimos dias em vários bairros da AML, desencadeado pela morte de Odair Moniz, um homem de 43 anos, de nacionalidade cabo-verdiana, baleado na segunda-feira por um agente da PSP no bairro de Cova da Moura, em Amadora.
Contestação e investigações em curso
De acordo com a PSP, o homem “fugiu” de carro ao avistar uma viatura policial e “acelerou” em Cova da Moura. Quando foi abordado pelos agentes, teria “resistido à detenção e tentado atacar os agentes com uma arma branca”. A versão apresentada pela polícia foi contestada pela associação SOS Racismo e pelo movimento Vida Justa, que exigem uma “investigação séria e imparcial” para apurar “todas as responsabilidades”, alegando que se trata de uma “cultura de impunidade” na força policial.
Entretanto, a Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram investigações sobre o caso, e o agente envolvido no disparo que resultou na morte de Odair Moniz foi constituído arguido.
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Desde a noite de segunda-feira, os bairros do Zambujal e outros na AML têm registado uma série de distúrbios, com autocarros, veículos e contentores de lixo incendiados. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, e o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves, enquanto dois agentes policiais precisaram de tratamento hospitalar. Além disso, alguns cidadãos também sofreram ferimentos leves.